Junta de freguesia de Alvalade: o racismo institucional que nunca morreu

Este post é para as ex-colónias portuguesas em África — Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Não para pedir nada. Não para gerar empatia. Apenas para expor o que ainda hoje se pensa e se diz dentro de estruturas públicas em Portugal.

Num bar chamado Old Vic, em Alvalade, Lisboa, estava um funcionário da Junta de Freguesia de Alvalade — Rodrigo. Não qualquer funcionário: o braço direito (ou ex-braço direito) do presidente da junta. Estava a beber whisky e a falar alto, como quem quer ser ouvido. Falava com o bartender — um careca com um rabo de cavalo ridículo — enquanto despejava, sem vergonha, o que lhe vai na cabeça.

Disse: “Hoje em dia os pretos chamam tudo de racismo.”
Depois: “Graças a nós, portugueses, é que as ex-colónias têm alguma coisa.”
E ainda: “Foram colonizados porque eram fracos.”
E como se não bastasse, arrematou com: “Nós éramos fortes. Dominámos eles. Ainda somos.”

Isto não é só conversa de bar. Isto é mentalidade institucional. Rodrigo representa — ou representou — uma junta de freguesia. Lida com pessoas, decisões, políticas locais. É pago com dinheiro público.

Este post não pede diálogo. Expõe. A Junta de Freguesia de Alvalade está agora associada a este tipo de discurso.

Portugal perdeu as colónias, mas não perdeu o vício de se achar superior. Ainda há quem fale alto, com whisky na mão, a vomitar a arrogância podre que herdou de um império morto.

Julho de 2025

Este artigo está em português. Leia também a versão em inglês ⇒ Read in English