Vivemos rodeados de pessoas que precisam de trinta minutos para dizer o que cabia numa frase. Falam em círculos, despejam jargões e saem da conversa convencidos de que foram profundos. Quem os ouve só perde tempo e paciência.
Isto é treino. Desde a escola que o sistema força lentidão. Uma ideia simples é esticada em aulas intermináveis, como se arrastar fosse sinal de sabedoria. Criam-se adultos que confundem enrolar com inteligência e acreditam que falar muito é estatuto. Nos trabalhos escolares, um texto curto nunca basta: o aluno é pressionado a “elaborar” e a encher páginas. A qualidade afoga-se na quantidade. Mais tarde, a academia transforma o defeito em virtude: artigos volumosos enrolam para dizer o óbvio e são premiados.
Fora da escola, o padrão mantém-se. Na política, discursos longos escondem decisões vazias. No trabalho, reuniões eternas consomem horas sem resolver nada. Nos scams, a mesma estratégia: falam muito, prometem segredos milagrosos e vendem cursos ou produtos que não ensinam nada. A regra é simples — o que funciona não precisa de muitas palavras. Um martelo bate, um isqueiro acende, uma faca corta. O resto é palha para enganar.
O excesso de palavras não serve para comunicar, serve para confundir e controlar. Quem manipula o tempo e a paciência dos outros, controla poder. A máfia das palavras vazias mantém autoridade não pelo conteúdo, mas pela capacidade de saturar o espaço com nada.
A clareza direta ameaça este sistema. Uma frase crua desmonta meia hora de teatro. É por isso que quem fala simples e objetivo é visto como perigoso: expõe a mediocridade e corta o sustento de quem vive de ruído.
O mundo não precisa de discursos enrolados. Precisa de corte, síntese e precisão. O resto é poluição verbal, criada para distrair e domesticar.
Agosto 2025
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