Os jornais portugueses não informam. Não existe debate, investigação séria ou coragem. Correio da Manhã, Público, Diário de Notícias e todos os outros respiram do mesmo sistema de controle: dependem do Estado, de publicidade institucional e de grupos económicos ligados à política. Isso transforma cada redação num filtro gigante, onde só passa o que convém. Todo o resto é cortado, travado, disfarçado. A nacionalidade de um criminoso desaparece se for de um país PALOP, para não criar “problemas sociais” ou tensões. Ninguém se importa com a verdade, só com o conforto do poder.
O tráfico de drogas em espaços de elite é outro exemplo. O Lux Frágil é vendido como glamour, festas e celebridades, mas a realidade é suja, criminosa e conhecida dentro do círculo fechado. Um repórter que tente escrever sobre isso sabe que o texto vai morrer antes de chegar ao site ou jornal. O editor trava, a direção manda “ajustar”, e o jornalista aprende que desafiar o sistema é suicídio profissional. Publicar uma reportagem que exponha clientes ricos ou políticos ligados às redes de droga é cortar a própria carreira na raiz.
Mesmo os sites online funcionam do mesmo jeito. Tudo passa por editores, tudo é filtrado. O Estado não precisa escrever ordens: basta controlar o dinheiro e as conexões, e toda a imprensa aprende a obedecer. Pop-ups de publicidade, avisos de cookies, frases vagas, textos repetitivos e longos — tudo isso serve para prender o leitor e disfarçar o vazio. A informação é diluída, fragmentada, domesticada. O público vê crimes, corrupção e tráfico, mas só aquilo que os jornais querem que veja. Tudo é formatado, manipulado e confortável, filtrado para proteger interesses e ocultar a realidade mais incómoda.
A culpa não é só do sistema; é de todos dentro dele. Jornalistas, editores, diretores — todos sabem como funciona e continuam a obedecer. Muitos obedecem também porque têm medo de perder o ganha-pão, o salário que mantém famílias e estilos de vida. Cada palavra omitida, cada nacionalidade escondida, cada escândalo abafado é responsabilidade de quem escreve, revisa e publica. A liberdade de imprensa em Portugal é uma mentira. Não há jornalistas livres; há profissionais condicionados a repetir o que o sistema permite. Quem ousa romper, mesmo uma vez, é esmagado. A verdade não é publicada. É moldada, filtrada, esquecida. Ler jornais portugueses é aprender a ler o que não foi dito. A manipulação é invisível, mas brutal: tudo que chega ao leitor é apenas a versão que mantém a ordem, protege elites e oculta a imundície do país. O leitor consome o que lhe é servido, ignorando o que foi cortado, e assim a máquina continua a funcionar.
Novembro 2025
Este artigo está em português. Leia também a versão em inglês ⇒ Read in English