O mundo é uma fachada. O submundo é quem manda.
Há quem diga que prefere viver no “mundo”, longe do “submundo”. Que não quer saber dos vampiros que se alimentam da sociedade. Que prefere fechar os olhos, seguir a rotina, acreditar no sistema e manter-se fora do que considera “escuridão”. Mas essa escolha é uma ilusão. Uma mentira confortável. Porque o submundo é quem comanda o mundo.
O mundo que vês — as notícias, as eleições, os escândalos, as modas, os preços, os conflitos — é uma peça de teatro bem montada. O verdadeiro poder está nos bastidores. Nas redes ocultas de tráfico, espionagem, prostituição de luxo, drogas e lavagem de dinheiro. Nas alianças secretas entre políticos, empresários e organizações de inteligência. O cidadão comum vive à superfície. Mas a realidade opera nas profundezas.
Dizem-te que és livre, mas monitoram cada clique. Dizem-te que tens escolha, mas controlam as opções. Dizem-te que a democracia é o pilar, mas os partidos são fantoches em guerra encenada. Não és tu quem decide — são eles. Os que vivem no submundo, os vampiros que o teu amigo prefere ignorar.
Mas ignorar não te salva. A tua vida é influenciada por esse submundo todos os dias. O emprego que perdes, o preço da comida, as drogas que invadem os bairros, as raparigas que desaparecem, os escândalos abafados, os suicídios silenciosos — tudo isso vem de lá. Não saber não te protege. Só te torna mais fácil de manipular.
Saber muda-te. Muda a forma como andas na rua. Como falas. Como escolhes em quem confiar. Como lidas com autoridade. O conhecimento não te dá uma arma para derrubar o sistema — mas dá-te uma blindagem contra ele. Faz-te menos previsível. Menos manipulável. Mais resistente.
Preferir viver no “mundo” é aceitar ser pasto. É andar a dormir no meio de predadores. Quem acorda nunca mais volta a dormir tranquilo — mas também nunca mais é apanhado de surpresa.
Acordar dói. Saber pesa. Mas viver na ignorância é aceitar ser parte do rebanho. Parte da carne. E o rebanho nunca sobrevive aos lobos — apenas alimenta o banquete.
Maio de 2025
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