Ostentação: a nova corrente da escravidão moderna

O que vemos hoje nas favelas do Brasil, nas periferias africanas e entre os imigrantes africanos e brasileiros em Portugal não é vitória — é disfarce. Muitos artistas que saíram da pobreza mantêm a mesma mentalidade primitiva, apenas com roupa cara por cima. Não houve transformação interior — só aparência. A ostentação tornou-se o uniforme da miséria emocional.

Não enriqueceram — apenas aprenderam a parecer ricos. Carros alugados, roupas emprestadas, dívidas escondidas e uma insegurança profunda mascarada de confiança. O objectivo é criar uma ilusão: aparecer com garrafas de champanhe (oferecidas pelas discotecas em troca de visibilidade), rodeados de luxo de fachada, sempre no VIP. Tentam parecer reis — mas por dentro estão destruídos, vazios e presos a contratos que os tratam como escravos modernos.

A ostentação é hoje uma ferramenta de controlo. Não educa, não liberta, não eleva. Serve unicamente para alimentar a ilusão de sucesso através do consumo. E quanto mais os jovens absorvem esta imagem, mais longe ficam da realidade. Nenhum destes artistas — africanos ou brasileiros — fala de cultura africana profunda, de identidade brasileira verdadeira, nem promove pensamento crítico ou elevação interior — porque não podem. Foram moldados para entreter, não para despertar.

Nem todos seguem esse padrão, é verdade — existem vozes que resistem, que escolhem a consciência em vez da ostentação. Mas são a minoria. A regra, sobretudo entre os artistas africanos, é a submissão disfarçada de sucesso.

É uma escravidão mental com verniz brilhante. A ostentação que promovem é reflexo do trauma colonial: povos que aprenderam a medir o seu valor pela validação do opressor. Hoje, um carro de luxo ou um relógio caro não é apenas um objecto — é um grito interno: “eu valho alguma coisa!”. Mas é tudo ilusão. Continuam mentalmente acorrentados, agora com grilhões de ouro.

O sistema aplaude. Quanto mais barulho fazem com letras ocas, jóias falsas e vidas encenadas, menos pensam, menos questionam, mais obedecem. A ostentação não é poder — é uma prisão dourada. Vendem o sonho para manter os outros a dormir.

Nada disto é espontâneo. Esta cultura não nasceu do povo — foi plantada. Trata-se de engenharia social deliberada, alimentada por elites e organizações de inteligência que perceberam que já não é preciso reprimir com armas quando se pode dominar com vaidade, música e consumo.

O objectivo é claro: criar massas dóceis, focadas na aparência, incapazes de questionar o sistema — e constantemente distraídas.

Ricos por fora. Escravos por dentro.
Essa é a verdadeira face da ostentação moderna.

Julho de 2025

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